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A última página

O meu quarto é um escritório improvisado
É onde inúmeras vezes adormeci sobre livros
É onde nas madrugadas escrevo poemas e pensamentos
Foi nele onde, na madrugada passada, fiz uma descoberta:

Sob o silêncio a brisa folheava meu caderno de pemas
Lentamente ela passava uma folha após a outra
E, eu assustado, apenas observava aquela cena.
De repente a brisa desapareceu e veio o silêncio...
Então percebi que apenas uma folha em branco se movia.

Era a última página do meu caderno...
Uma simples folha de papel em branco
Coitada! Ali abandonada ela esperava a sua vez
Eu queria escrever algo, mas nada me inspirava.

A última página, uma folha comum.
Era um poema numa folha vazia 
Mas eu não sabia...
Ela era a minha mais bela poesia

Domingos Mello

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